Saudações:

Em homenagem e reverência profunda à minha Mestra de Ordenação e Treinamento, Venerável Shingetsu Coen Osho.
Que seu Corpo-Dharma, seja como um diamante inquebrantável.
Que tenha próspera longevidade e saúde ilimitada.
Que nenhum mal a atinja.
Que todos os seus esforços sejam recompensados.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Siddharta - Hermann Hesse


Siddharta é um romance escrito por Hermann Hesse, dos maiores escritores alemães Vencedor doPrêmio Nobel de Literatura em 1946. A primeira publicação foi em 1922 e conta passagem da sua vida e pensamento durante a sua estadia na Índia em 1910, inspirado na tradição de Sidharta Gautama, o Budha. O livro trata basicamente da busca pela plenitude espiritual, e o alcance de estados em que a mente humana se encontra absolutamente completa e plena.
Pode-se dizer que o “Sidarta” de Hesse é uma epopéia esotérica, um livro para iniciados, um roteiro para um andarilho que, rompido com os valores em que fora criado, põe-se na estrada do mundo atrás de uma nova vida. A geografia da busca daquele que rompeu com a casa paterna ou com a religião em que fora batizado, compõe-se de uma necessária passagem pelo vale das tentações (ligação dele com a cortesã Kamala e com o comerciante Kamasvami) até que, transposto o rio da purificação, (onde Sidarta ajuda o balseiro Vasudeva), o peregrino, liberto das coisas carnais e materiais, alcança o cume final da redenção e da libertação total. A pedra fundamental da doutrina budista é o domínio do desejo (a existência é sofrimento/ ela é causada pela ignorância provocada pelo desejo/ o sofrimento poder ser superado pela eliminação do desejo/ o desejo pode ser eliminado pela meditação).
Meditando, esperando e jejuando, sofrendo tormentos, ela chega por fim à transparência no Absoluto, dissolvendo-se no Akasa (éter). Reencontrado por fim por Govinda, o seu ex-companheiro de vida ascética, Sidarta termina os seus dias como balseiro do mesmo rio que cruzara ainda jovem.

Vamos ler umas partes do livro:

Despertar é um capítulo curto e denso, no qual Siddharta reavalia toda sua vida passada e a abandona, sentindo-se incomparavelmente só, pois não pertenceria a mais nenhum grupo, seria apenas Sidarta. Antes fora brâname, samana... agora, apenas ele mesmo “... lhe parecia que o verdadeiro pensar consistia no reconhecimento das causas e que, desse modo, o sentir se convertia em saber, o qual, em vez de dissipar-se, criaria forma concreta e irradiaria seu teor”.
“Mas que desejaste aprender dos teus mestres e extrair dos seus preceitos? Que será aquilo que eles, que tanto te ensinaram, não conseguiram propiciar-te?”... “Era meu desejo conhecer o sentido e a essência do eu, para desprender-me dele e superá-lo. Apenas logrei iludi-lo. Consegui, sim, fugir dele e furtar-me às suas vistas. Realmente, nada neste mundo preocupou-me tanto quanto esse eu, esse mistério de estar vivo, de ser um indivíduo, de achar-me separado e isolado de todos os demais, de ser Sidarta! E de coisa alguma sei menos do que sei quanto a mim, Siddharta!”
“O fato de eu não saber nada a meu próprio respeito, o fato de Sidarta ter permanecido para mim um ser estranho, desconhecido, tem sua explicação numa única causa: tive medo de mim; fugi de mim mesmo! Procurei o Átman, procurei o Brama, sempre disposto a fraturar e a pelar o meu eu, a fim de encontrar no seu âmago ignoto o núcleo de todas as cascas. Mas, enquanto fazia isso, perdi-me a mim mesmo”.
“Olhou para o mundo a seu redor, como se o enxergasse pela primeira vez. Belo era o mundo! Era variado, era surpreendente e enigmático! Lá, o azul; acolá, o amarelo! O céu a flutuar e o rio a correr, o mato a eriçar-se e a serra também! Tudo lindo, tudo misterioso e mágico! E no centro disso tudo se achava Siddharta, a caminho de si próprio...” “Não havia mais aquela multiplicidade absurda, casual, do mundo dos fenômenos, desprezada pelos profundos pensadores brâmanes, que rejeitam a multiplicidade e esforçam-se por achar a unidade...” “... O sentido e a essência das coisas não se achavam em algum lugar atrás das coisas, senão no seu interior”.
“... “andei deveras surdo e insensível”...”Quem puser a decifrar um manuscrito, cujo significado lhe interessar, tampouco menosprezará os sinais e as letras, qualificando-os de ilusão... senão os lerá, estudá-los-á, amá-los-á, letra por letra. Eu, porém, que almejava ler o livro do mundo e o livro da minha própria existência, desprezei os sinais e as letras, em prol de um significado que lhes atribuía de antemão. Chamei de ilusão o mundo dos fenômenos. Considerei meus olhos e minha língua apenas aparentes, casuais, desprovidas de valor. Ora, isso passou. Despertei. Despertei de fato. Nasci somente hoje.” ”

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