Saudações:

Em homenagem e reverência profunda à minha Mestra de Ordenação e Treinamento, Venerável Shingetsu Coen Osho.
Que seu Corpo-Dharma, seja como um diamante inquebrantável.
Que tenha próspera longevidade e saúde ilimitada.
Que nenhum mal a atinja.
Que todos os seus esforços sejam recompensados.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Parinirvana
Parinirvana

Buda deitou-se entre duas árvores de troncos esbranquiçados. Lua cheia. Noite na mata estranhamente silenciosa. Ananda, seu atendente de tantos anos, lamentava-se pela despedida a seu mestre.
Ananda não estava só. Um grande número de discípulos, discípulas, monásticos e laicos cercavam seu leito de folhas.
Dizem que até mesmo animais, feras e pequenos bichinhos, todos vieram se despedir de Buda em seus momentos finais.
Sereno, Buda fez seu ultimo ensinamento.
Estava quase entrando em Parinirvana.
Não dizemos que um Buda morre. Budas entram em Parinirvana. Adentram a grande tranquilidade.
Segundo pesquisadores japoneses, comparando calendários, cenários, datas, chegaram a conclusão que teria sido no dia 15 de fevereiro cerca de dois mil e seiscentos anos atrás, quando Xaquiamuni Buda entrou Parinirvana, em Kushinagara, ao norte da Índia.
Cito abaixo alguns trechos das palavras de despedida de Buda.
A mente desonesta é incompatível com o Caminho. Por esta razão devem cultivar a honestidade.
A pessoa de muitos desejos, que procura grandiosidde apenas para si mesma, sofre muito.
Uma pessoa de poucos desejos não manipula a mente dos outros através da desonestidade. A mente de quem tem poucos desejos é tranquila e sem preocupações.
Para se libertar de todo o sofrimento é preciso conhecer o contentamento.
O contentamento é a condição da prosperidade e do bem estar.
Sintam prazer na quietude e na tranquilidade. As pessoas ávidas por companhiam sofrem dificuldades por excesso de companhia, assim como uma árvore corre o risco de murchar se muitos pássaros viverem nela.
Mantenham o esforço correto, a diligência, assim como o constante gotejar da água fura uma rocha.
Não percam a atenção correta ao procurar por um mestre ou um amigo. Se perderem a atenção correta, as paixões poderão entrar e perderão todos os méritos.
A mente devem estar concentrada, capaz de compreender o surgir e o desaparecer de todas as coisas no mundo.
Se tiverem sabedoria não terão ganância. Se possuirem o brilho da sabedoria poderão ver claramente, com seus próprios olhos.
Se quiserem obter a benção de Nirvana (paz), devem extinguir o mal de falar à toa. Não se engajem de forma leviana em conversas inúteis
Este é o ensinamento final.
Não se lamentem. Não existe encontro sem despedida.
Façam da Verdade o seu mestre e eu viverei para sempre.
Hoje, ao celebrar o Parinirvana de Buda deixo a vocês as seguintes questões:
Se voce soubesse que ira morrer em algumas horas, estivesse em plena lucides e cercada /cercado de seus filhos, netos, amigos, alunos, discípulos, parentes, pessoas amadas, colaboradores, o que diria a eles?
Qual é o seu ensinamento final?
Qual a mensagem de sua vida?
Reflita em si mesmo.

Mãos em prece
Monja Coen

Um comentário:

  1. Caros Senhores,

    Este texto sobre o parinirvana me faz pensar sobre as possíveis relações entre a vida e a morte.
    O trecho do Sutra do Coração nos diz que "forma é exatamente vazio e vazio é exatamente forma" - mais adiante, há "todos os fenômenos são vazio forma".
    O sutra não diz "todos os fenômenos, menos a morte são vazio forma". Muito pelo contrário...ele menciona "todos os fenômenos". Portanto, sou levado a pensar que a morte também se encontra nesse paradigma.
    Se pensarmos bem - a morte está separada da vida? É um anjo negro e aterrador que nos ceifa de fora para dentro? Penso que não. A vida se alimenta da morte - basta olharmos o nosso prato de comida para percebermos que é a "morte" dos alimentos em nós que mantém a nossa vida.
    A nossa grande ilusão está em que - para nós - a vida gera a vida. Os pais vivos (de preferência) geram filhos vivos (de preferência..rs.). Creio que é daí que surge a necessidade da criação de um Deus vivo de onde todas as vidas se originariam - e Deus, de onde viria?
    Não há como fugir da obviedade de que tudo provém do vazio, de que a vida e a morte não são duas coisas separadas, mas uma que é exatamente a outra - da mesma forma que o "vazio é exatamente forma e forma é exatamente o vazio".
    Sou terra, água, fogo e ar e quando eu morrer ainda serei terra, água, fogo e ar devolvidos ao mundo - e é desse nada, desse vazio, dessa morte que hei de ressurgir como, aliás, tudo o que é vivo.

    Gashô.

    Anderson

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