No capítulo 35 do Shoboguenzo (Bendowa) – ‘Uma história
da prática Budista’ está escrito:
‘Mesmo que a pessoa sente somente por um momento em
jijuyu samadi, o selo da mente de Buda imprime-se na totalidade de nosso ser,
preenchendo-o; enquanto que, simultaneamente a isto, o mundo todo também
adquire esta característica de ter o selo da mente de Buda. Em resumo, tudo
fica iluminado’Pássaros podem ser vistos e apreciados, o vento uivando ao passar pelas árvores pode ser ouvido, o barulho da chuva batendo nos telhados pode ser percebido, o cachorro latindo, o gato miando.
Dentro e fora de nós, verdades, fatos, acontecimentos, sensações, percepções, formações mentais estão sendo produzidas, se manifestando, mudando, mutando, se alterando em função de causas e condições, momento a momento...
Em nós e ao nosso redor, a vida, alheia ao que pensamos ou achamos, pulsa como um organismo vivo.
Verdades sendo realizadas.
Não precisamos tentar conseguir coisa alguma.
‘Tá’ tudo pronto.
Está escrito no Genjo Koan:
‘Todas as coisas são o Darma de Buda. Existe compreensão, ilusão, prática, vida e morte, Budas e pessoas comuns. Quando tudo é vazio, então não mais existem ilusão ou compreensão, Budas ou pessoas comuns, nem nascimento ou morte. Originalmente o Caminho Budista transcende a si mesmo ou a quaisquer idéias de excesso ou falta. Mesmo assim, o fato é que existem nascimento e morte, ilusão e compreensão, pessoas comuns e aqueles que são Budas’.
“...Sem dúvida, o Caminho está bem longe da delusão. Por que, então, preocupar-nos com os meios de eliminá-lo?...”
Está escrito no Shobogenzo no capítulo 25 (Ryugin) ‘O rugido do Dragão’.
“Todos os Budas e Tatagatas possuem a força de chegar à compreensão suprema e perfeita; eles passam adiante esta compreensão um para o outro (...) Esta habilidade transcende talentos humanos e é perfeitamente livre. Para nos apossarmos deste samadi, devemos entrar nele pelo portão do Zazen, que é o método recomendado para realizar essa compreensão”.
ILUSÃO E DELUSÂO...
Ilusão é a confusão dos sentidos que provoca uma distorção da percepção real das coisas.
Pode ser causada por mudança ambiental, clima, camuflagem, mimetismo, efeitos sonoros, percepções incorretas.
Todos os sentidos podem ser confundidos.
A palavra deriva do verbo latino Illudo (burlar, enganar).
Em nossa língua, iludir evoluiu com o sentido de causar uma impressão enganosa ou ter a esperança de algo desejável.
Delusão é acreditar numa ilusão.
Delusão é um entendimento mental que surge da crença em algo que não é verdadeiro.
Delusões inatas são aquelas que surgem naturalmente, sem especulação intelectual.
Delusões intelectualmente formadas são as que surgem como resultado de raciocínios incorretos ou dogmas equivocados.
Continuando o texto:
“...O Caminho está completamente presente onde você está, então qual a necessidade de prática e de iluminação? Contudo, se no início houver a menor diferença entre você e o Caminho, o resultado será uma separação maior do que aquela entre o céu e a terra...”
“... O Caminho está completamente presente onde você está...”
Aqui o Mestre Dogen coloca uma questão essencial. já que o Caminho é fundamentalmente perfeito, porque seria necessário praticar?
Porque praticar já que todos têm, desde o início, a natureza de Buda?
O mestre Eisai responde:
‘Todos os Budas, nos três mundos, nenhum sabe que tem a natureza Buda. Mas os gatos e as vacas sabem muito bem’.
Estudiosos descobriram que os seres humanos vivem 75% no passado, 20% no futuro e apenas 5% no presente.
Ora! Se alguém vive apenas 5% no presente, ele na verdade não vive...
Não percam a parte 5.
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