Parte 20.
“Ao escutar a explicação de Buda, os oitenta e quatro mil presentes na Assembléia elevaram seus corações à Iluminação incomparável obtendo a mente Anokutara San Myaku San Bodai”
O sim e o não, o Nirvana e o Sansara, estão dentro de nós. A
semente da iluminação já está lá dentro, não precisa vir de fora, ela não
existe fora da mente. Essa semente é chamada de "Natureza Budha".
Todo o nosso sofrimento origina-se de não reconhecermos as coisas como elas
realmente são. Antes de alguma coisa se manifestar, achamos que ela não existe,
muito embora um fenômeno que ainda não tenha se manifestado, esteja ali. O
mundo, onde tudo de inclui é manifestação da mente. Por isso, ao escutarem as
palavras do Budha, todos os presentes fizeram germinar as sementes da
iluminação e retornaram a Natureza-Budha, a Anokutara San Myaku San Bodai –
Iluminação insuperável, completa e perfeita.
Não podemos nos tornar outra coisa que não nos mesmos, e a
menos que sejamos nós mesmos, nunca experimentaremos Anokutara San Myaku San
Bodai (Iluminação Completa e Perfeita). A felicidade acontece apenas quando de
uma roseira nascem rosas. Uma roseira que tenta ser uma camélia estará
produzindo e experimentando sofrimento.
O Budha dizia que existem três esferas do ser:
1- A esfera do desejo, 2- A esfera da forma e,
3- A esfera da não forma.
Na esfera do desejo estão presentes o apego, a raiva a
ilusão e a ignorância. Os seres presos nessa esfera sofrem muito, por estarem
sempre correndo atrás das coisas. Quando passamos a viver de uma forma mais
simples. Através da prática da meditação, diminuímos nosso apego e entramos na
esfera da Forma. Nessa esfera, sofremos menos e experimentamos a felicidade.
Na esfera da Não Forma, o apego desmedido está ausente, só a
Natureza-Budha existe e ela se manifesta de forma simples e tranqüila. Quando
vivemos em Budha, toda a percepção das coisas e do mundo muda totalmente.
Enquanto presos a concepções erradas, ficaremos estagnados nas esferas do
desejo da forma e da não forma.
A finalidade da prática budista é transformar o sofrimento
dessas esferas e etapas. Quando conseguimos, através de nossa prática regular,
olhar profunda e verdadeiramente a natureza das percepções, percebemos como
elas realmente são, com essa realização, diminuímos nosso apego. Com a
diminuição do apego, saímos da esfera do desejo e entramos na esfera da forma.
Praticando ainda mais, começamos a ver as percepções como elas realmente são;
vazias, insatisfatórias e desprovidas de um “eu”. Entramos então na esfera da
não forma. Nessa esfera o sofrimento ainda continua a existir, as percepções
incorretas ainda não foram totalmente removidas e alguns desejos ainda
continuam adormecidos nas profundezas da consciência. Se continuarmos
praticando, dia virá em que ultrapassaremos essas três esferas, atingindo a mente
de nirvana.
Foi exatamente isso que aconteceu com todos os que escutaram
as palavras do Budha naquele momento.
Acabo por aqui meu estudo sobre o Capítulo XXV do Sutra da
Flor de Lótus da Lei Maravilhosa – O Sutra da Grande Compaixão de kanzeon
Bodisatva (Poema do Portal Universal de Kanzeon).
Que todos os méritos porventura conseguidos sejam
imediatamente transferidos a todos aqueles que sofrem neste vasto mundo do
Dharma.
Gassho.
Monge
Taigen
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