FUKANZAZENGUI PARTE 6
“...Crêem que já alcançaram
o Caminho, iluminaram sua mente e conquistaram o poder de tocar os céus.
Imaginam que estão andando no reino da iluminação. Mas o fato é que quase
perderam o Caminho absoluto, que está além da própria iluminação...”.
Para estudarmos a nós mesmos é necessário que
esqueçamos de nós mesmos. Esquecemos de nós mesmos quando não existe mais
separação entre nós e o Caminho. O que cria a separação é achar que podermos atingir a realização com o intelecto.
A dualidade se faz presente quando, por exemplo, perguntamos a nós mesmos:
- Será que minha postura está correta?
- Será que a sensei vai perceber que eu fiz grandes progressos em minha prática?
- Eu sei recitar todos os sutras de cor e salteado e o monge que está ao meu lado não...Ha! Coitado.
- Hoje meu zazen foi muito bom... só vieram coisas boas na minha mente..
- Minhas costas está doendo horrores, não é possível que o cara que está ao meu lado não esteja sentindo nada...
“...Ainda se vêem as marcas daquele que por seis anos sentou-se
ereto e se ouvem os ecos do Monte Shaolin, onde por nove anos sentou-se de face
para a parede aquele que transmitiu o selo da mente...”.
Dogen Zenji usa como referência dois exemplos:
Buda Sakyamuni e Bodidarma.
Durante seis anos, o futuro Buda
praticou com os maiores mestres da época. Dogen Zenji usa como referência dois exemplos:
Buda Sakyamuni e Bodidarma.
Desde as mais profundas leis espirituais, até a mortificação mais severa.
Não tendo obtido sucesso em suas práticas, sentou-se debaixo de uma velha e imponente figueira, disposto a não mais se levantar até descobrir o fim do sofrimento.
Ali ficou por vários dias, em profunda e silenciosa introspecção.
Foi debaixo dessa árvore que Sidarta atingiu a suprema iluminação.
Neste momento, ele transformou-se no Buda.
No livro ‘Vidas Remotas de Monges Exemplares’, Tao-hsuan (*) diz que Bodidarma passou nove anos em meditação, de frente para a parede de pedra de uma caverna a cerca de uma milha do templo Shorin (Shao-lin), localizado no Monte Su (Sung-shan).
Diz ainda que ele praticou tenazmente o zazen durante todo esse tempo.
Esse período veio a ser conhecido como ‘os nove anos que o monge olhou a parede’.
(*) Bodidarma teve dois alunos Hui Ko e Tao-Hsuan.
“transmitiu o selo da
mente”.
Está escrito no Capítulo 35 do Shobogenzo
(Uma história da prática Budista):‘(...) Mesmo que uma pessoa sente-se somente por um momento
O Selo da Mente é a apreensão da Natureza-Buda inerente a todos os seres.
(*) jijuyu samadhi significa simplesmente estar presente de corpo e alma em tudo que estiver fazendo`- grifo nosso.
“Selo da Mente” também significa o selo de aprovação que um mestre confere a seu discípulo.
É a comprovação de que o discípulo e o Caminho são um só.
Na verdade, não há nada para ser transmitido.
Realização é em si mesmo a transmissão, o Caminho.
O mestre apenas atesta.
Geração após geração os mestres transmitiram (sem transmitir) esse Selo da Mente.
Geração após geração centenas de discípulos aplicados tem praticado incansavelmente para deixar sua natureza Buda se manifestar livremente.
Geração após geração, mestres atestaram essa realização.
No zen há uma grande ênfase na compreensão correta e transmissão do “selo da Mente” ou como prefere chamar Dogen Zenji “O Verdadeiro Olho do Dharma”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário