Quando
falamos em uma data como o Dia Nacional
da Gentileza, o que vem à cabeça é que devemos tentar ser mais
gentis com aqueles que estão por perto, não é? Mas sabemos o porque de
comemorar essa data.
O Dia da Gentileza foi criado em homenagem a José Datrino, homem que percorria as ruas do Rio de Janeiro com sua túnica branca e barba longa espalhando palavras e atitudes gentis – e que deixou como patrimônio histórico 55 painéis nas pilastras dos viadutos cariocas com suas “palavras de gentileza”. Entre elas está a frase “Gentileza gera Gentileza”, que tanto nos inspira.
O profeta era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre o Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Ou seja, ele sempre estava em trânsito, dizendo para as pessoas praticarem a gentileza!
E alguém que pregue a gentileza dessa maneira merece ser lembrado, não é verdade? E foi por isso que o dia de sua morte – há uma divergência entre os dias 28 e 29 de maio – foi escolhido como o Dia Nacional da Gentileza!
Se ainda fosse vivo, José Datrino continuaria distribuindo gentilezas por onde transitasse. Então, vamos usar esse dia para tornarmos um hábito a prática de gentilezas, em especial no trânsito.
José Datrino aos vinte anos foi para o Rio de Janeiro, enquanto sua família mudava-se para Mirandópolis, cidade do interior de São Paulo. No Rio de Janeiro, casou com Emi Câmara com quem teve cinco filhos. Começou sua vida de empresário com um pequeno empreendimento na área de transportes, onde fazia fretes para o sustento da família. Aos poucos, o negócio foi crescendo até se tornar uma transportadora de cargas sediada no centro da cidade.
No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, quando tinha 44 anos, houve um grande incêndio no `Gran Circus Norte Americano`, considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças.
Seis dias após o acontecimento, José acordou ouvindo “vozes astrais“, segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual.
O profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. No local morou por quatro anos.
Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras “Agradecido” e “Gentileza”. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido“, ou simplesmente “Profeta Gentileza”.
Após deixar o local mais tarde denominado “Paraíso Gentileza”, o profeta começou a sua jornada como personagem andarilho.
A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho.
Aos que o chamavam de louco, ele respondia: – “Sou maluco para te amar e louco para te salvar“.
A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju que vai do Cemitério do Cajú até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km. Ele encheu as pilastras desse viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.
Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a Gentileza e a aplicarem Gentileza em toda a Terra.
Faleceu no dia 29 de maio de 1966, aos 79 anos, na cidade de seus familiares, onde se encontra enterrado, no “Cemitério Saudades”.
Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza. Com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, que teve como objetivo restaurar os murais das pilastras.
As pilastras começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999, tendo sido terminado em 2000.
Neste mesmo ano foi publicado pela EDUFF (Editora da Universidade federal Fluminense) o livro Brasil: Tempo de Gentileza. A obra introduz o leitor no “universo” do profeta Gentileza através de sua trajetória, da estilização de seus objetos, de sua caligrafia singular e de todos os 56 painéis criados por ele.
Ótimo! Obrigada por compartilhar Sensei.
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