Parte 13.
“Se for encantado ou envenenado,
Alguém quiser ferir seu corpo, Pensar no poder de Kannon,
Tudo reverterá à pessoa de origem”.
Graças ao poder do zazen podemos permanecer íntegros a todos os tipos de maldições, bruxarias e sortilégios malignos.
A ganância, a raiva e a ignorância são o passaporte para o sofrimento. Ganância por que quer receber um salário igual ao dos outros, Raiva porque outro ganhou algum prêmio por sua dedicação e você não, ignorância por não perceber que tudo nessa vida acontece através de causas e condições.
Na sociedade moderna o risco de sermos envenenados é muito
alto, seja pelos meios de comunicação em massa nas mãos de pessoas
inescrupulosas, seja do próprio envenenamento biológico, haja vista a
quantidade de produtos químicos colocados em tudo que comemos e bebemos.
Existem os envenenadores profissionais, que trabalham
minuciosamente a fim de camuflarem os venenos e apresentar seus produtos de
forma agradável, devemos ter muito cuidado na hora de comprar produtos
industrializados.
Se fazemos zazen com regularidade, nossa consciência estará
sempre alerta e lúcida, podendo distinguir e perceber o que estamos adquirindo.
Bodhidharma (Bodai Daruma) morreu envenenado por dois monges
da escola Tendai, esses monges lhe ofereceram chá envenenado, mas dotado de imensa
percepção, ele percebeu a maldade, como já havia encontrado um sucessor, entendeu que
havia mais necessidade de continuar vivendo, se considerava livre para viver ou
morrer a qualquer momento. Aceitou o chá, bebeu, sentou-se em zazen, fechou os
olhos e morreu, há quem diga que ele não morreu, mas isso é história para outro
texto.
“Se ameaçado por hakshanas malvados,
Dragões venenosos e demônios, Pensar no poder de Kannon,
Fará com que ninguém possa feri-lo”.
Hakshanas são demônios devoradores de homens, figuras simbólicas que representam as perturbações fundamentais de nossa mente (Bonno em japones). Infinitas são essas perturbações (desvios mentais, ilusões, devaneios etc.).
Mestre Dogen escreveu que não se deve considerar o diabo ou
o demônio objetivamente, mas sim de forma subjetiva. O surgimento de um estado
demoníaco em uma pessoa é a resultante de uma anormalidade mental, de uma
histeria, de um estado patológico e não tem nada a ver com o fato do sujeito
estar possuído por um demônio ou coisa parecida.
No budismo esses estados alterados de consciência são mais
numerosos do que os descritos na medicina ocidental. Por exemplo, a inveja, o
orgulho e a avidez são considerados estados demoníacos que consomem as pessoas,
devorando-as internamente.
Se estamos alertas, poderemos perceber o estado em que as
pessoas se encontram apenas olhando seu rosto. Olhem com atenção e perceberão
pessoas com caras de cavalo, de asnos, de abutres, de onças etc. Olhem as
pessoas públicas do nosso país e tirem suas próprias conclusões. Um rosto orgulhoso,
ávido, raivoso, decididamente não é o rosto de um Budha.
Em um comum dia de nossas vidas quantos dragões venenosos,
quantas feras aterradoras, quantos demônios vemos refletidos nos rostos das
pessoas que passam por nossas vidas.
No livro da Abadessa Shundo Aoyama (Para uma pessoa bonita)
tem um texto em que ela fala dos rostos que exatamente como no livro “O Retrato
de Doriam Gray” refletem tanto a beleza como a feiúra daqueles que tem uma vida
de virtudes, exatamente como disse Láo Tse, se referindo ao sábio vrtuoso.
E o seu rosto o que reflete...
Nenhum comentário:
Postar um comentário