Saudações:

Em homenagem e reverência profunda à minha Mestra de Ordenação e Treinamento, Venerável Shingetsu Coen Osho.
Que seu Corpo-Dharma, seja como um diamante inquebrantável.
Que tenha próspera longevidade e saúde ilimitada.
Que nenhum mal a atinja.
Que todos os seus esforços sejam recompensados.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Parte 8.

“Fez um voto vasto e profundo como os oceanos, Inconcebível na sua eternidade”.
Kanzeon formula esse grande juramento, assistido por todos os Budhas e Bodisatvas do passado do presente e do futuro. Todos somos Budhas em potencial. Todos possuímos a “Natureza Budha”,porém sem a necessária introspecção advinda da prática regular do zazen, tal“natureza” não consegue se manifestar.

O Zen prosperou na China e depois no Japão, por causa dos mestres que professaram grandes votos profundos, aqui no Brasil, temos a possibilidade de estudar com a Coen Roshi, que tem como votos profundos dar a conhecer por todos a maravilha que é o Zen Budismo, vasta conhecedora e praticante incansável, segue perseguindo seus votos. Que possamos todos nós, a seu exemplo, fazer o mesmo.

No quarto capítulo Shushogi está escrito:
“Acordar a mente Bodhi significa fazer o voto de não atravessar para a outra margem antes que todos os seres o tenham feito. Quer laico ou monástico, quer vivendo no mundo de seres celestiais ou humanos, sujeito à dor ou ao prazer, todos rapidamente devem fazer este voto”.

E você...Quais são os seus votos profundos....

“Foi ao servir infinitos Budhas que despertou para esse juramento de grande pureza. Deixe-me brevemente explicá-lo.”
Ao recitarmos a linhagem dos Budhas e Ancestrais do Dharma, percebe-se que antes do nome do Budha Sakyamuni, aparecem outros seis Budhas (Bibashibutsu, Shikibutsu, Bishafubutsu, Kurusonbutsu, Kunagonmunibutsu, Kashobutsu). Kanzeon serviu a todos esses Budhas e, conforme o Sutra, foi enquanto servia a esses Budhas do passado que ela despertou para o enorme sofrimento dos seres sencientes, então fez esses votos quase inconcebíveis, tão vastos e profundos como os oceanos.

Segue o Sutra com o Budha enumerando os poderes transcendentais de Kanzeon:

“Quem ouve seu nome, vê sua presença
E sempre o mantém no coração e na mente, poderá terminar com as tristezas da vida. Se alguma força do mal o jogar numa fogueira, pensar no poder de Kannon, transformará a fogueira em água”
Diversas são as formas de invocar o seu nome: “Namu Avalokitesvara Bodhisattva” (sânscrito), “Namu Guanshiyin Bossatsu” (chinês),“Namu Kanzeon Bossatsu” (japonês), “Homenagem ao Bodhisattva Contemplador dos Sons do Mundo” (português).
No Capítulo X do Sutra (Os Mestres da Lei), o Budha admoesta o Bodhisatva Rei da Medicina sobre os quesitos para aqueles que queiram expor o Sutra de Lótus após a sua extinção:
“Este bom homem ou boa mulher deverá entrar no quarto do Tathagata, vestir o manto do Tathagata, sentar no trono do Tathagata e somente então expor este Sutra em prol da Assembléia aos crentes”.
O ‘Quarto do Tathagata’ é o sentimento de grande compaixão para com todos os seres viventes. Portanto, a compaixão é a primeira condição para o acesso a esse Portal e é representada por este Bodhisattva Contemplador dos Sons do Mundo - Kanzeon.

Quem ouve seu nome, vê sua presença. O que significa essa frase.
Quando escutamos o nome de alguém, imediatamente a imagem mental dessa pessoa surge em nossa mente, com todas as suas qualidades e defeitos, da mesma maneira, ao pronunciarmos o nome de Kannon poderemos ver seu corpo e sentir sua presença.

Escutar o nome de uma pessoa amada, alegra e conforta o coração de quem ouve. Por isso ficamos tão felizes ao escutar a voz de um filho que está longe ou de uma namorada que se encontra separada de nós. Nomes possuem grande influência sobre a consciência, por isso é tão importante a recitação sistemática desse Sutra.

Se nos concentramos no nome de alguém, podemos ver a pessoa na sua totalidade. Escutar um nome desarquiva tudo que possuímos guardado em nossa mente sobre essa pessoa. É como se estivéssemos acessando informações arquivadas num dossiê em nossos arquivos mentais. Nossa atitude, respiração e intenções se alteram em conformidade com os arquivos vão sendo acessados

Da igual maneira, ao vermos um plácido riacho e escutarmos o murmúrio de suas águas, somos naturalmente imbuídos de grande paz e tranqüilidade, além de percebermos a efemeridade e transitoriedade da vida. Mais é importante não cair no misticismo. Kannon está além da forma física.

Na língua japonesa costuma-se dizer que Kannon é “Muso” – Não aspecto, não forma, ela existe em todas as partes, em todos os lugares, em todo o universo.
Não podemos enxergá-la com nossos olhos, não podemos ouvi-la com nossos ouvidos, só podemos nos conectar com ela, quando estamos desprovidos de desejos egoístas, do apego aos fenômenos sensoriais. Quando nossa mente não é mais continuadamente invadida e perturbada por medos, inseguranças e ansiedades.

Então se estamos devidamente alertas, vivendo o aqui-e-agora, sem deixar passar nada em vão, podemos ver o corpo de Kannon e escutar sua voz, assim nos libertando do vai-e-vem da alegria e sofrimento.

Quando percebemos que a vida é efêmera, a partir dessa verdade podemos ver o mundo como ele verdadeira é, impermanente e impessoal.

Não percam a parte 9.


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