Contemplação significa
pensamento dirigido, direcionado. O leigo pode até achar que a mente em estado
de contemplação é a mesma em estado de pensamento comum, mas não é verdade. O
pensar da mente comum é vago, desgovernado, não começa nem acaba em nenhum
lugar.
A mente comum funciona
por associações. Um pensamento levando a outro, sem qualquer comando de sua
parte.
A mente comum, deste
modo, de associação em associação navega livre e louca sem qualquer direção,
como um navio desgovernado num oceano bravio.
Por exemplo: de
repente, você vê um gato atravessando a rua, lépido como só os felinos sabem
ser. No exato momento em que você estabelece contato visual com o gato, sua
mente comum, começa automaticamente, a pensar a respeito de gatos. A visão do
gato captura e conduz sua mente, por meio de associações relacionadas a
lembranças passadas.
Quando você era
criança talvez gostasse (ou não) de gatos, a partir do momento em que você
estabeleceu contato com o gato, todos o fato relacionado a gatos de sua
infância vem a sua mente (como se você acessasse um arquivo específico na sua
memória) e, por associação você começa a lembrar-se de coisas acontecidas
durante seus contatos ao longo de toda a sua vida com os gatos, nesse meio
tempo o gato acaba sendo esquecido, pois sua mente comum já se encontra
completamente ligada a outras lembranças que por sua vez lembram outras e assim
por diante. Desta maneira o tempo passa, e de associações em associações você
vai levando a vida. (acreditando piamente que está vivendo plenamente).
Se qualquer outra
pessoa tivesse cruzado a rua com o mesmo gato, a associação mental seria
completamente diferente, pois as experiências ao longo da vida foram diversas.
Todo mundo possui elos
associativos na mente. Não existe nenhuma relação entre dois ou mais
pensamentos. Trata-se apenas de associação de um pensamento a outro, e, eles
conduzem a si próprios. Ou melhor, você é conduzido, levado de roldão pelos pensamentos
associativos, de lá para cá como um peixe fora d’água.
Não há nesta
associação nenhuma conexão lógica ou estudada, apenas e tão somente associações
desgovernadas. Todo mundo tem.
Qualquer acontecimento
por mais banal que possa parecer o empurra para outros pensamentos e, um
pensamento leva a outro, a outro a outro e assim sucessivamente por toda a sua
vida até que você interrompa essa sua existência tão fútil.
O pensamento comum
transforma-se em contemplação quando não acontece através da associação, mas
sim quando é dirigido. É quando você está trabalhando em um sério problema e
isola todas as associações. Você passa a tratar apenas desse problema em
particular.
A mente, sempre
nervosa e agitada, tentará escapar dessa prisão, para algum tipo de associação.
Você não deixa, corta todas as amarras, todos os atalhos, permite somente que
sua mente ande numa única direção.
Um cientista,
trabalhando em um complexo problema, está em contemplação. Um
pintor, desenhando um quadro, está em contemplação. Um
universitário estudando química está em contemplação. Neste
momento, o mundo todo é suprimido e apenas o cientista e seu trabalho, o pintor
e a pintura, o estudante e seus livros permanecem.
No decorrer do
processo contemplativo, muitas coisas paralelas o atrairão. Não permita que sua
mente se distraia ou se desvie. Só permita que ela se mova em uma direção, em
uma linha única. Isto é contemplação.
Qualquer pensamento
lógico é contemplativo. O pensamento comum é louco, solto, absurdo. A
contemplação é lógica, racional.
Não deixe de ler a parte 2.
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