MAKA HANYA HARAMITA SHINGYO
Sutra do Coração da Sabedoria Completa.
Sutra do Coração da Sabedoria Completa.
Parte 1
Inicialmente, antes de entrar no mérito propriamente dito do Sutra do Coração da Sabedoria, creio ser necessário entendermos claramente os princípios subjacentes ao texto.
Para tal, necessário faz-se termos uma idéia de como era o pensamento filosófico da Índia àquela época, O que era a Escola Madhyamaka, bem como seu fundador, o célebre metafísico e filósofo Nagarjuna e como sua influência foi importante, após o que efetuarei considerações pessoais sobre o teor do Sutra.
Na antiga Índia, os vários filósofos existentes acreditavam apenas na existência do mundo material. Segundo eles, os seres são compostos por cinco elementos (terra, água, fogo, ar e espaço) que se dissolvem na hora da morte, sem deixar qualquer continuidade de consciência.
Por isso, rejeitavam a teoria da causa e efeito (karma), não possuíam qualquer tipo de moral e se entregavam a todos os tipos de atos repudiados por qualquer sociedade civilizada. Possuíam uma das duas visões errôneas ou extremas.
O niilismo que nega a causalidade e a interdependência (ao se apegarem aos prazeres temporários, os niilistas não conseguem encontrar um estado de liberação duradoura).
A outra visão errônea é o eternalismo, sustentada pelos textos hindus chamados Upanishads. Os eternalistas superestimam a realidade e acreditam na existência intrínseca de um Atman ou "eu superior", que seria permanente, inalterável, imutável e eterno, idêntico à natureza pura de todas as coisas do universo, o Brahman ou o Absoluto.
Em algumas escolas hindus, o Atman é descrito de forma pessoal, enquanto em outras o consideram algo impessoal.
De forma semelhante, alguns filósofos hindus postulam o Brahman de forma teísta, enquanto outros o consideram um princípio abstrato, metafísico.
Neste contexto de história e pensamento da Índia que nasceu Nagarjuna. Dizem que seu aparecimento foi profetizado em vários textos antigos, tais como: Lankavatara Sutra, Manjushri Mulakalpa Sutra, Mahamegha Sutra e o Mahabheri Sutra.
“Alguém destinado a manter os caminhos, após o Nirvana do Sugata. Aparecerá depois de transcorrido algum tempo. Ele será dotado de grande sabedoria. Na região sulina, na terra das palmeiras. Há de surgir o monge Shriman, de grande renome. Ele será cognominado o Naga, e destruirá os extremos da existência e da não-existência”- Lankavatara Sutra.
A história da vida e morte de Nagarjuna é rodeada de lendas e mistérios. Consta que seu pai um dia teve um sonho, em que dava de comer a cem pessoas famintas e que depois disso, sua esposa ficava grávida. Supersticioso, assim procedeu e ela engravidou. Após o nascimento de um menino, um adivinho Brâmane profetizou ser ele possuidor de uma enfermidade que lhe daria apenas sete dias de vida, porém se seus pais dessem de comer a cem monges o menino teria sete anos de vida. Assim fez seu pai e o menino salvou-se.
Quando estava para completar oito anos ele foi enviado em uma longa viagem, pois seus pais não queriam vê-lo morrer. No decorrer da viagem quando o grupo passava em frente ao Monastério de Nalanda, um brâmane de nome Sahara ficou muito impressionado com aquele menino que recitava de cor vários Sutras.
Após conhecer a história do menino, ele que era um brâmane adivinho, profetizou que se o menino abandonasse a vida mundana e fizesse o voto monástico poderia evitar sua morte eminente. O menino foi então ordenado e iniciado na recitação dos sutras.
.Na véspera do seu de seu aniversário de sete anos passou a noite inteira recitando Sutras, superando dessa maneira, a morte como previra o Bramane. Aos oito anos iniciou o estudo regular tradicional, “pari passu” também passou a estudar os princípios filosóficos de cada uma das escolas budistas e filosóficas da época.
Tempo depois, após solicitação formal, recebeu a ordenação monástica do Abade do Monastério de Nalanda, recebendo o nome budista de Shrimata.
Não deixem de ler a parte 2
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