Saudações:

Em homenagem e reverência profunda à minha Mestra de Ordenação e Treinamento, Venerável Shingetsu Coen Osho.
Que seu Corpo-Dharma, seja como um diamante inquebrantável.
Que tenha próspera longevidade e saúde ilimitada.
Que nenhum mal a atinja.
Que todos os seus esforços sejam recompensados.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sutra do Coração - Parte 1

MAKA HANYA HARAMITA SHINGYO
Sutra do Coração da Sabedoria Completa.


Por Monge Getulio Taigen

 




Parte 1


Inicialmente, antes de entrar no mérito propriamente dito do Sutra do Coração da Sabedoria, creio ser necessário entendermos claramente os princípios subjacentes ao texto.


Para tal, necessário faz-se termos uma idéia de como era o pensamento filosófico da Índia àquela época, O que era a Escola Madhyamaka, bem como seu fundador, o célebre metafísico e filósofo Nagarjuna e como sua influência foi importante, após o que efetuarei considerações pessoais sobre o teor do Sutra.


 Na antiga Índia, os vários filósofos existentes acreditavam apenas na existência do mundo material. Segundo eles, os seres são compostos por cinco elementos (terra, água, fogo, ar e espaço) que se dissolvem na hora da morte, sem deixar qualquer continuidade de consciência.


Por isso, rejeitavam a teoria da causa e efeito (karma), não possuíam qualquer tipo de moral e se entregavam a todos os tipos de atos repudiados por qualquer sociedade civilizada. Possuíam uma das duas visões errôneas ou extremas.


O niilismo que nega a causalidade e a interdependência (ao se apegarem aos prazeres temporários, os niilistas não conseguem encontrar um estado de liberação duradoura).


A outra visão errônea é o eternalismo, sustentada pelos textos hindus chamados Upanishads. Os eternalistas superestimam a realidade e acreditam na existência intrínseca de um Atman ou "eu superior", que seria permanente, inalterável, imutável e eterno, idêntico à natureza pura de todas as coisas do universo, o Brahman ou o Absoluto.


Em algumas escolas hindus, o Atman é descrito de forma pessoal, enquanto em outras o consideram algo impessoal.


De forma semelhante, alguns filósofos hindus postulam o Brahman de forma teísta, enquanto outros o consideram um princípio abstrato, metafísico.


Neste contexto de história e pensamento da Índia que nasceu Nagarjuna. Dizem que seu aparecimento foi profetizado em vários textos antigos, tais como: Lankavatara Sutra, Manjushri Mulakalpa Sutra, Mahamegha Sutra e o Mahabheri Sutra.



“Alguém destinado a manter os caminhos, após o Nirvana do Sugata. Aparecerá depois de transcorrido algum tempo. Ele será dotado de grande sabedoria. Na região sulina, na terra das palmeiras. Há de surgir o monge Shriman, de grande renome. Ele será cognominado o Naga, e destruirá os extremos da existência e da não-existência”- Lankavatara Sutra.


A história da vida e morte de Nagarjuna é rodeada de lendas e mistérios. Consta que seu pai um dia teve um sonho, em que dava de comer a cem pessoas famintas e que depois disso, sua esposa ficava grávida. Supersticioso, assim procedeu e ela engravidou. Após o nascimento de um menino, um adivinho Brâmane profetizou ser ele possuidor de uma enfermidade que lhe daria apenas sete dias de vida, porém se seus pais dessem de comer a cem monges o menino teria sete anos de vida. Assim fez seu pai e o menino salvou-se.


Quando estava para completar oito anos ele foi enviado em uma longa viagem, pois seus pais não queriam vê-lo morrer. No decorrer da viagem quando o grupo passava em frente ao Monastério de Nalanda, um brâmane de nome Sahara ficou muito impressionado com aquele menino que recitava de cor vários Sutras.


Após conhecer a história do menino, ele que era um brâmane adivinho, profetizou que se o menino abandonasse a vida mundana e fizesse o voto monástico poderia evitar sua morte eminente. O menino foi então ordenado e iniciado na recitação dos sutras.


.Na véspera do seu de seu aniversário de sete anos passou a noite inteira recitando Sutras, superando dessa maneira, a morte como previra o Bramane. Aos oito anos iniciou o estudo regular tradicional, “pari passu” também passou a estudar os princípios filosóficos de cada uma das escolas budistas e filosóficas da época.


Tempo depois, após solicitação formal, recebeu a ordenação monástica do Abade do Monastério de Nalanda, recebendo o nome budista de Shrimata.


Não deixem de ler a parte 2

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