Saudações:

Em homenagem e reverência profunda à minha Mestra de Ordenação e Treinamento, Venerável Shingetsu Coen Osho.
Que seu Corpo-Dharma, seja como um diamante inquebrantável.
Que tenha próspera longevidade e saúde ilimitada.
Que nenhum mal a atinja.
Que todos os seus esforços sejam recompensados.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Os quatro estados da mente - parte 3


A mente é como um grande disquete lotado de arquivos. O que fazemos, é ficar repetindo os mesmos pensamentos todos os dias. Você é como um disco velho (daqueles antigos, arranhados de rotação 68) que fica repetindo todos os dias a mesma coisa, apenas por hábito, por condicionamento, apenas por que você está costumado.

Isso não é de todo mal, os velhos hábitos ajudam. Se uma criança está chorando e não consegue dormir, a mãe lhe dá uma chupeta, ela para de chorar e dorme.

Então, depois dela dormir, a mãe pode retirar a chupeta. Mas se ela não lhe der a chupeta, ele não dormirá, ou pelo menos demorará muito mais.

É um condicionamento, no momento em que a chupeta lhe é dada, um tipo de mecanismo é acionado em sua mente, e a criança se sente confortável e dorme tranqüila.

O mesmo acontece com você. Não se trata mais de uma simples chupeta, mas basicamente, o princípio é o mesmo.

Talvez você sinta dificuldade para dormir em um quarto diferente, em uma cama diferente, sem roupas ou com roupas diferentes das que está costumado, usar um banheiro diferente.

Na verdade não existe relação entre a maneira de dormir e o sono propriamente dito, mas para sua mente sim. Existe o condicionamento. E, com velhos hábitos você se sente melhor, você se sente confortável, como se estivesse entre amigos. Os mesmos pensamentos todos os dias, a mesma rotina, você sente e acha que está tudo bem.

Afinal, é tudo tão estranho! (tudo muito novo, e ninguém gosta muito de novidade, ninguém gosta de mudar) Você investiu muito nos seus pensamentos, gastou anos acumulando “coisas” em sua mente e agora não se sente bem em jogá-las fora.

Esse é o grande problema, você é como um mendigo empurrando um carrinho de supermercado cheio de coisas inúteis.

Mas se você tiver coragem, começará a perceber (com muita satisfação) a quantidade de inutilidades que você anda guardando em sua mente e como isso põe você prisioneiro de você mesmo, começará a perceber a alegria do “espaço” e a sentir a beleza que ele contem, a grande satisfação que ele começa a lhe proporcionar.

Recapitulando, (parece até apostila de faculdade) do pensamento comum, passa-se a contemplação, depois, vem a concentração e da concentração a meditação.

Movendo-se devagar, você vai percebendo as mudanças dia a dia e quanto mais você percebe, mais compreende o quanto é ridículo continuar carregando o barco nas costas, centenas de quilômetros depois de ter atravessado o lago.

Ora, você é um ser humano e não um caramujo então para que ficar guardando pensamentos, coisas que aconteceram anos atrás.

É, o assunto é complicado mesmo.

Sempre que tratamos de coisas abstratas, fica muito difícil explicá-las à luz da razão e da lógica.

Entretanto, ficará bem mais compreensível e fácil de ser entendido com a prática, somente através da experiência da meditação (zazen) é que você conseguirá entender todo o processo associativo que formam os nossos pensamentos.

Gassho

Getulio Taigen

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